sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Manifesto Carcará

Lá no sertão.
É um bicho que avoa que nem avião.
É um pássaro malvado.
Tem o bico volteado que nem gavião.
Carcará...
Quando vê roça queimada.
Sai voando, cantando...
Carcará!
Vai fazer sua caçada.
Carcará come inté cobra queimada.
Quando chega o tempo da invernada.
O sertão não tem mais roça queimada.
Carcará mesmo assim num passa fome.
Os burrego que nasce na baixada.
Carcará...
Pega, mata e come!
Carcará.
Num vai morrer de fome.
Carcará...
Mais coragem do que home.
Carcará!
Pega, mata e come!
Carcará é malvado, é valentão...
É a águia de lá do meu sertão.
Os burrego novinho num pode andá...
Ele puxa o umbigo inté matá!
Carcará!
Pega, mata e come!
Carcará!
Num vai morrer de fome.
Carcará!
Mais coragem do que home...
Carcará!

Por João do Vale.

Um comentário:

Dono do poder de postar disse...

Muito pertinente o Manifesto. Lindo, diria Caetano Veloso.